quinta-feira, junho 07, 2007

UM MENTIROSO INSTITUCIONALIZADO

MAPA MUNDO DE PERRUS DE NOHA
Mapa publicado em 1414.
Tamanho do original: 18x27cm
Biblioteca Apostólica Vaticana, Roma

Professor Morche Ricardo Almeida

Muitos anos à frente de centenas de adolescente, repassando para eles o conhecimento acumulado por séculos, segundo estudiosos renomados. Em nenhum momento se questiona a verdade, pois esta verdade não pode ser contestada, é a verdade e fim. Mas que verdade é esta que não pode ser contestada? É a verdade construída por grupos que precisam se manter a frente do poder e desrespeitam a verdadeira história da humanidade.
Aprendi na infância que o descobrimento do Brasil foi um acidente de percurso. Disseram-me na Universidade com aval dos doutores do conhecimento, que os europeus nunca tiveram contato com a África antes de 1415 quando Portugal conquistou Ceuta. Mostraram para mim nos filmes americanos que as tribos africanas existiam e que Tarzan era o rei da selva.
Este texto deixaria de ser um pequeno relato, e se tornaria um artigo se aqui eu registrasse todas as mentiras institucionalizadas que repassamos para os adolescentes já há muitos anos. Acredito que o que escrevi no parágrafo anterior dá a dimensão do que fazemos de errado em relação aos conteúdos programáticos, elaborados com tanta competência sobre a história da humanidade. Como inocentes úteis repassamos para que se perpetue a grande mentira institucionalizada.
Alguns mestres e críticos dos textos construídos podem e devem censurar as minhas colocações. Deixo claro que as informações mostradas no segundo parágrafo, apesar de não serem mais apresentadas desta forma para os alunos (ou serem?), foram por décadas uma verdade absoluta.
A ciência confirma através de pesquisas e achados que a humanidade se propagou a partir do continente africano, sendo assim considero que a África seja o umbigo da humanidade. Ali nasce a nossa história, a nossa capacidade de sermos diferentes dos demais animais.
Espalhados pelos continentes e transformados em grupos étnicos diferentes não só em relação a cor da pele, mas em relação a cultura, religião, fala e tantos outros detalhes, não podemos negar de forma nenhuma a nossa humanidade, somos iguais por sermos humanos.
Construímos histórias diferentes. No entanto mantivemos contato continuo, pois é assim que a verdadeira história registra. História que não encontramos nos famosos livros didáticos que tantos combatem, que é a muleta da maioria dos mestres e também o único livro histórico que chega às mãos do maior número das crianças e adolescentes deste Brasil gigante.
Maria que amava José, que amava Luzia, que amava, Antônio... Assim são as relações da humanidade, durante os milhares de anos que povoam o planeta. Os habitantes da Ásia Ocidental que tinham contato com o Egito, que tinha contato profundo com o mundo africano, que mantinha contato com Cartago que tinha contato com Roma e com os berberes no deserto de Saara, que tinha contato com o Egito, que tinha contato... Não devemos continuar institucionalizando as inverdades, porém o conhecimento só será possível através de leitura e debates constantes sobre o que estamos nos propondo a trabalhar em sala de aula.