terça-feira, agosto 29, 2006

ÁFRICA


ESTA ÁFRICA EU QUERO CONHECER

Conheci nos livros de História e Geografia uma África selvagem. Longe de ter sido o berço da humanidade. Assisti nos canais de documentários da televisão a cabo, grandes produções relacionadas a uma terra onde os animais dominam as savanas. Passei minhas tardes de domingo assistindo à matinê (esse era o nome dado às sessões de cinema para as crianças da década de 1970) onde os estadosudinenses caracterizavam uma região de florestas de tribos agressivas e do grande herói, o homem macaco, Tarzan. Ainda, li os gibis do Fantasma. O americano que nunca morria e vencia a todos com seus socos do anel de caveira. Na escola os meus professores pouco falaram sobre o continente africano. Em minha imaginação e dos meus contemporâneos àquele continente representava o Apartheid, a fome, as guerras, as mutilações de crianças e adultos nos conflitos sem fim. E para não esquecer, era a terra de onde vieram os escravos para trabalhar na produção da cana-de-açúcar no Brasil.
Hoje me apresentaram uma nova África. Rica, fértil. Uma história fantástica de povos que dominaram técnicas de agricultura, mineração, ourives e metalurgia. Sistemas matemáticos, conhecimento da medicina. Tantas novidades. Tanta história, cultura, religião diversificada. Mais de duas mil línguas faladas em cinqüenta e três países que guardam a verdadeira raiz da humanidade. Esta África eu quero conhecer e apresentá-la aos meus alunos. Descobrir os motivos que a esconderam do resto do mundo durante tanto tempo. Poder debater e relatar os valores construídos em milhares de anos por um povo que mesmo com tanto conhecimento cultural foi subjugado e desrespeitado por interesses escusos de uma Europa quinhentista e atrasada. A escola inclusiva não pode permitir que a África permaneça tendo como símbolo apenas um deserto.

domingo, agosto 27, 2006

A PERDA



A diáspora africana significou a vinda de milhares de africanos para a América onde foram vendidos como mercadoria sem respeito nenhum aos seus direitos. Desconheceu-se assim o termo humanidade e desrespeitou-se o direito de ser livre, oportunizando um ser subjugar ao outro através de idéias de inferioridade, apenas para garantir a produção de riquezas. Sair de sua terra por livre e espontânea vontade já não é uma das melhores atitudes do ser humano. Ser seqüestrado sem direito ao resgate é um fato que não existe justificativa. Os povos africanos que durante quatrocentos anos foram mercadoria nas mãos dos europeus em sua ganância por riquezas perderam o direito de construir em sua terra natal sua história. A necessidade de estudar os acontecimentos que mudaram a vida de milhares de africanos é uma forma de reconhecer o erro e garantir a dignidade aos herdeiros desta mazela da humanidade.